O Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, também conhecido como DDA e TDAH, é um distúrbio neurobiológico crônico que caracteriza-se pela dificuldade de concentração, hiperatividade e impulsividade. Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seus primeiros sinais costumam surgir na infância e tendem a persistir ao longo da adolescência e da fase adulta. Com tratamento e acompanhamento médico adequado, seus sintomas podem ser reduzidos, mas nunca cessados, uma vez que não há cura para o TDAH.
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Dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), estimam que o número de casos de TDAH variam entre 5% e 8% a nível mundial. Enquanto, no Brasil, a prevalência é estimada em:
- 7,6% em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 17 anos;
- 5,2% em indivíduos entre 18 e 44 anos;
- 6,1% em indivíduos maiores de 44 anos.
Estudos indicam que há um forte componente genético, sendo comum em pais também diagnosticados com o transtorno. De acordo com, Luiz Augusto Rode, professor titular de psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):
“O TDAH tem um forte componente genético, então não é incomum que o pai leve o filho para a consulta e comece a se identificar com os questionamentos levantados pelo médico. Em torno de 30% das crianças diagnosticadas vão ter um ou ambos os pais com o transtorno”.
TDAH: afinal, qual é a sigla correta?
DDA e TDA são siglas que já estiveram corretas no passado. No entanto, na nomenclatura médica atual o transtorno é compreendido como TDAH.
Hoje em dia, ainda não existem exames laboratoriais ou de imagem que confirmem com precisão o diagnóstico para TDAH. Nesse cenário, seu diagnóstico é clínico com base nas diretrizes estabelecidas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5).
Não há cura para o TDAH, mas com o acompanhamento médico correto esses indivíduos podem conquistar mais qualidade de vida e bem-estar.
Quais são os primeiros sinais de TDAH?
Muitas pessoas vivenciam dificuldades de foco, atenção e organização, em diferentes momentos da vida. No entanto, se você sente que está constantemente distraído, com dificuldades em finalizar tarefas e sente que isso está atrapalhando seu dia a dia, pode ser interessante explorar a possibilidade de ter TDAH, sempre com o acompanhamento de um profissional da saúde. Mesmo durante a fase adulta, o diagnóstico clínico é algo fundamental para a condução de um tratamento eficaz que pode trazer mais qualidade em diferentes áreas da vida.
Os perigos do autodiagnóstico
Especialistas têm alertado crianças, jovens e adultos sobre os perigos através do costume de se autodiagnosticar com DDA e TDAH pela internet. Nos últimos anos, vários conteúdos sobre TDAH viralizaram nas redes sociais e atingiram milhões de visualizações.
No TikTok, rede social de vídeos curtos, a hashtag #TesteTDAH teve um alcance de 1,9 milhões de pessoas. No entanto, o problema é que muitas das informações divulgadas nesses conteúdos são imprecisas.
Um estudo conduzido pela Associação Canadense de Psiquiatria (ACP), analisou os 100 vídeos mais acessados sobre o assunto, e concluiu que metade deles reproduziam informações falsas e desinformação sobre o transtorno. Somente 21% dos vídeos traziam informações úteis sobre TDAH.
Embora essas informações estejam ao alcance de todos na internet, especialistas como Alessandra Almeida Assumpção, Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano, ressaltam que o diagnóstico do DDA e TDAH deve ser realizado por profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras e médicos especializados, somente após uma avaliação detalhada dos sintomas e histórico de cada paciente, é possível chegar ao diagnóstico.
“Além disso, os sintomas do TDAH podem variar amplamente entre as pessoas e podem ser influenciados por fatores individuais, como idade, gênero e comorbidades médicas ou psiquiátricas”, complementa a professora da Faculdade de Psicologia (Fapsi).
TDAH em crianças
Crianças com DDA e TDAH podem apresentar dificuldades de concentração, especialmente em atividades que requerem esforço intelectual prolongado. Esquecimento também é algo frequente, dando a impressão de que ela está sempre distraída. Além disso, outro traço comum é a ansiedade pela resposta de perguntas, antes mesmo delas serem concluídas.
Quando não há acompanhamento profissional, o transtorno pode impactar em diferentes áreas da vida:
- Baixa autoestima;
- Ansiedade e depressão;
- Dificuldades em relações interpessoais;
- Foco em atividades na escola ou no trabalho.
Por isso, o acesso à informação se faz tão importante. Além de reduzir estigmas e preconceitos, ele também contribui para que essas pessoas procurem por ajuda especializada. Pais e Professores também têm um papel fundamental durante o processo de aprendizagem.
Conduzir um tratamento adequado pode não só suavizar seus sintomas, mas também trazer várias melhorias de qualidade de vida. Logo abaixo, confira alguns dos principais sinais de TDAH, em adultos e crianças:
- Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete muitos erros por descuido em trabalhos ou tarefas;
- Tem dificuldade de manter atenção em tarefas ou atividades de lazer;
- Parece não estar ouvindo quando fala diretamente com a pessoa;
- Não segue instruções até o fim e não termina deveres da escola, tarefas ou obrigações;
- Tem dificuldade para entregar tarefas e atividades;
- Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado;
- Perde coisas necessárias para as atividades (brinquedos, deveres de escola, lápis, livros etc.);
- Distrai-se com estímulos externos;
- É esquecido em atividades cotidianas;
- Mexe com as mãos, os pés ou se remexe na cadeira;
- Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado;
- Corre de um lado para o outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isso é inapropriado;
- Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma;
- Não para ou frequentemente está “a mil por hora”;
- Fala em excesso;
- Responde às perguntas de forma precipitada antes de elas terem sido terminadas;
- Tem dificuldade de esperar a sua vez;
- Interrompe os outros ou se intromete (conversas, jogos etc.).
Vale ressaltar que a identificação com os sinais não substitui o diagnóstico clínico com profissionais de saúde.
Quando surgir a suspeita de traços de TDAH, é necessário conversar com um médico psiquiatra, neurologista ou neuropediatra para que eles possam analisar essas suspeitas e conduzir o acompanhamento médico adequado, compreendendo seu quadro clínico.
TDAH: quadro clínico
O quadro clínico de TDAH pode variar conforme a apresentação de sintomas do transtorno. Por exemplo, crianças com predominância de desatenção têm mais dificuldades em manter detalhes e acompanhar longas instruções, dificultando o rendimento escolar onde a organização e concentração são essenciais.
Já crianças com predominância de hiperatividade tendem a falar em excesso, demonstrar inquietude com as mãos e pés, não conseguir esperar suas vez e andar muito de um lado para o outro.
Diferentes traços do TDAH se manifestam em cada paciente. No entanto, estudos indicam que somente 15% das crianças com TDAH se tornam adultos com sintomas completos, enquanto 65% conseguem remissão parcial dos sintomas. Mas, desatenção é uma característica que tende a persistir.
Como funciona o tratamento para TDAH?
O tratamento do Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) deve ser multimodal, ou seja, ele deve ser uma ação combinada com orientações passadas aos pais e professores pelos médicos, além de técnicas ensinadas aos pacientes para lidar com situações determinadas.
O tratamento deve contar com a presença de profissionais como psicólogos e psiquiatras. Isso porque a linha de Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) pode trazer muitos benefícios aos pacientes, ajudando a encontrar formas mais seguras de lidar com determinadas situações: reforçando hábitos saudáveis, mudanças comportamentais e melhorando sua convivência em ambiente familiar, escolar ou profissional.
Geralmente, o tratamento também envolve o uso de medicamentos como Ritalina, Concerta e Bupropiona. Mas, além destes fármacos tradicionais, opções fitoterápicas também têm demonstrado resultados para aliviar sintomas de TDAH, como é o caso da Cannabis Medicinal.
Cannabis medicinal no tratamento de TDAH
Aqueles que tratam o TDAH fazendo uso de fármacos tradicionais costumam relatar queixas relacionadas aos efeitos colaterais indesejados, tais como perturbações do sono, redução do apetite, alterações de humor, dores de cabeça, entre outros.
É neste cenário, que a busca por opções de tratamentos naturais para TDAH têm emergido e proporcionado destaque ao canabidiol (CBD), um composto ativo da planta da cannabis com incríveis propriedades terapêuticas, mas sem efeitos psicoativos. É utilizado no tratamento de condições como distúrbios neurológicos, inflamações, dores crônicas, estresse, entre outros.
Apesar de mais estudos serem necessários para que o CBD seja amplamente aceito como tratamento para o TDAH, já se sabe que ele pode ajudar a aliviar sintomas comuns desta condição.
Problemas de concentração, falta de foco e atenção reduzida são manifestações típicas do TDAH, e o CBD pode melhorar a clareza mental ao interagir com receptores canabinoides específicos, promovendo níveis mais altos de concentração em atividades como estudo ou trabalho.
Além disso, o canabidiol pode diminuir a ansiedade e o estresse, que frequentemente comprometem a energia e a capacidade de se concentrar. Ele também pode influenciar receptores canabinoides e de serotonina no cérebro, ajudando a regular comportamentos relacionados à ansiedade.
Conclusão
Em suma, compreender o TDAH, vai além de compreender a forma correta de empregar a sua sigla DDA e TDAH; Envolve reconhecer suas causas multifatoriais, sintomas variados e a sua necessidade de tratamento abrangente. O diagnóstico precoce pode ser um diferencial para evitar complicações na vida escolar, social e profissional. Tratamentos adequados podem minimizar impactos negativos e ajudar essas pessoas a levar vidas mais equilibradas e produtivas.
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