Muitas pessoas são afetadas de maneira duradoura quando algo terrível acontece, em alguns casos os efeitos são tão persistentes e graves, que se tornam debilitantes e passam a representar um transtorno. O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio de ansiedade que se manifesta em decorrência da pessoa ter sofrido atos de violência ou situações traumáticas. O tratamento de estresse pós-traumático é crucial, pois seus principais sintomas são reconhecidos por um conjunto de sinais, incluindo: sintomas físicos, psíquicos e emocionais.
De modo geral, aproximadamente 20% das pessoas que de alguma forma estiveram envolvidas em casos de violência urbana, agressão física, abuso sexual, acidente, assalto, sequestro e catástrofes naturais desenvolvem esse tipo de transtorno. Seus sintomas podem se manifestar em qualquer faixa etária, e também podem levar meses ou até mesmo anos para aparecerem. Por conta disso, na maioria dos casos, as pessoas procuram ajuda dois anos após o evento traumático.
Dados do National Center for PTSD dos Estados Unidos, indicam que o estresse pós-traumático afeta cerca de 8% das pessoas em algum momento da vida, inclusive na infância. Pessoas com estresse pós-traumático quando se recordam do evento, revivem as sensações de dor, ansiedade e sofrimento daquele episódio como se ele estivesse ocorrendo naquele momento. Essa recordação é conhecida como revivescência e ela desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais.
No Brasil, estudos promovidos pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com outras instituições, revelam que mulheres têm o dobro de chance de desenvolver o transtorno causado por violência. Entretanto, homens de 18 a 30 anos são mais expostos à situações de violência.
Esses dados, ressaltam a importância da divulgação de informações científicas sobre o estresse pós-traumático e sobre a necessidade de realizar acompanhamento psicológico após vivenciar, ou presenciar situações traumáticas.
Tratamento de estresse pós-traumático: sintomas e diagnóstico
O DSM-V (Manual de Diagnóstico dos Distúrbios Mentais) e o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) estabelecem os critérios para o diagnóstico do transtorno do estresse pós-traumático e ele deve ser feito por um médico psiquiatra.
Durante o diagnóstico, o especialista procura identificar o evento traumático (agente estressor), enquanto o relaciona com os sintomas característicos do TEPT, como:
- Reexperiência traumática;
- Esquiva e isolamento social;
- Insônia, pesadelos e distúrbios do sono;
- Dificuldade de concentração;
- Irritabilidade;
- Hipervigilância;
- Ansiedade e Depressão.
Estudos conduzidos pela UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e por outras universidades brasileiras, em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, levantam a hipótese da causa do transtorno estar relacionada ao desequilíbrio dos níveis de cortisol, ou na redução de 8% a 10% do córtex pré-frontal e do hipocampo, áreas localizadas no cérebro.
Nesse cenário, existem alguns exames laborais que podem ser realizados para identificar marcadores biológicos de estresse, como: alterações na dosagem de cortisol, hormônios da hipófise e níveis de tireoide. Além disso, a polissonografia também é uma forma de avaliar as consequências do estresse pós-traumático durante o sono.
Quais são as opções de tratamento de estresse pós-traumático?
Afinal, você sabe qual o principal tratamento para transtorno de estresse pós-traumático?
Ainda que muitas opções possam ser consideradas, a união de diferentes abordagens é mais eficaz para ajudar esses indivíduos no processo de superar traumas e sintomas desse transtorno.
- Psicoterapia: correntes de psicoterapia como a Terapia cognitivo-comportamental focada em trauma (TCC-FT) podem ajudar pacientes na reestruturação cognitiva, aprendendo a lidar melhor com a experiência traumática;
- Medicação: a farmacoterapia é utilizada para lidar com sintomas e transtornos psiquiátricos coexistentes causados pelo trauma, incluindo, ansiedade e depressão;
- Tratamentos Naturais: medicamentos fitoterápicos como Cannabidiol (CBD) são opções com propriedades terapêuticas, mas sem efeitos psicoativos. Seus benefícios incluem diminuição de pesadelos e insônia, alívio de sintomas como estresse, ansiedade e dor crônica.
Em caso de suspeita, não hesite em conversar com um profissional de saúde mental. O tratamento de transtorno de estresse pós-traumático pode ajudar adultos e crianças a retomar o controle do medo e da angústia causada pelo evento traumático, além de reduzir seus sintomas físicos e neurológicos.
Como superar o transtorno de estresse pós-traumático
Superar o transtorno de estresse pós-traumático não é algo fácil, mas com acompanhamento profissional e múltiplas abordagens de tratamento os pacientes podem se recuperar de experiências traumáticas. Para isso, o primeiro passo é frequentar um psicólogo ou psiquiatra, além disso, algumas atitudes também podem ser benéficas durante o tratamento. Confira logo abaixo:
1. Rede de apoio
Ter uma rede de apoio com acolhimento e contato frequente com a família e amigos, pode ser um diferencial no tratamento. Estar cercado de pessoas do seu círculo de confiança, reforça o sentimento de segurança pessoal. Além disso, alguns sintomas de TEPT também podem passar despercebidos pelo próprio paciente, por isso, o apoio dos entes queridos é fundamental, até mesmo para identificar sintomas aparentemente não relacionados, como: mudanças de comportamento, estresse e até mesmo tristeza.
2. Rotina saudável
Praticar exercícios físicos, meditação, esportes, técnicas de relaxamento e até mesmo aderir a uma dieta saudável são atitudes que podem ser benéficas para o bem-estar da pessoa com TEPT. Tudo isso, contribui para uma abordagem com atenção plena aos cuidados pessoais. Tentar manter um cronograma saudável para comer, dormir e se exercitar pode ajudar a reduzir sentimentos de estresse, tédio, raiva, tristeza e isolamento.
3. Passatempos e atividades
Realizar passatempos com os quais a pessoa se sinta à vontade, além de atividades que parecem ser divertidas e capazes de distrair como: cozinhar, desenhar ou assistir a um filme também pode ser algo benéfico para o bem-estar durante o tratamento. Quando a pessoa que viveu o trauma consegue encontrar o equilíbrio físico e emocional, ela se torna capaz de lidar com essas sensações conflituosas transformando sua reação à elas.
Medicamentos no tratamento de estresse pós-traumático
Quando há necessidade de medicamentos, eles sempre estão acompanhados de psicoterapia. Nesse cenário, o médico psicoterapeuta avalia o uso de fármacos como: antidepressivos, inibidores seletivos e ansiolíticos. Para tratar outros sintomas como insônia, os médicos também podem receitar alguns tipos de medicamentos antipsicóticos.
Em 2023, uma revisão realizada pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), ressalta a eficácia de antidepressivos, em especial, aqueles com atividade serotonérgica como opções eficazes no tratamento de TEPT. Nesse cenário, os medicamentos mais indicados são:
- Fenelzina;
- Sertralina;
- Fluoxetina;
- Paroxetina;
- Prazosin.
No entanto, além destes fármacos tradicionais, linhas de tratamento naturais com plantas como a Cannabis sativa têm sido amplamente estudadas por conta do menor índice de efeitos colaterais. Entre elas, temos o Canabidiol (CBD) via solução oral.
Cannabis no tratamento de estresse pós-traumático
O Canabidiol (CBD) é um composto canabinoide não psicotomimético que é encontrado em plantas do gênero Cannabis. Nos últimos anos, há um crescimento constante de pesquisas que têm revelado o potencial da Cannabis para o tratamento de quadros de doenças ligadas ao sistema nervoso.
Hoje, o CBD é utilizado como medicação para quadros de epilepsia e crises convulsivas. No entanto, evidências científicas têm demonstrado seu valor como via de tratamento para outras doenças neurológicas.
No tratamento de estresse pós-traumático, um estudo americano, realizado pelo Department of Psychiatry da universidade do Colorado, conduziu um tratamento ao longo de 4 semanas com CBD via oral, ao final do período 91% dos participantes do estudo relataram diminuição em alguns sintomas de estresse pós-traumático.
Nesse cenário, a administração do CBD, em conjunto com o acompanhamento psicoterápico de rotina, foi associada a uma redução dos sintomas de TEPT e a regulação de comportamentos fisiológicos com alívio de estresse, ansiedade, insônia e pesadelos.
Com uma abordagem multidisciplinar combinando acompanhamento profissional e linhas de tratamento adequadas, pessoas com transtorno de estresse pós-traumático podem ter mais qualidade de vida e conquistar mais momentos de bem-estar.
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