Os terpenos são importantes componentes da cannabis, sendo encontrado em suas sementes, flores, folhas e raízes.
Logo, fazem parte de uma diversificada classe de substâncias naturais presentes nos vegetais.
São conhecidos por conferir cor, sabor e aroma às plantas. Porém não se restringem somente à estas características.
Os terpenos também atraem insetos polinizadores, afastam predadores, retardam a maturação das plantas e regulam o seu metabolismo.
No caso da cannabis, os terpenos também modulam o efeito dos canabinóides, isto é, aumentam a interação entre estes, além de fornecer seus próprios benefícios à saúde.
Esta interação é conhecida como efeito entourage e significa a completa relação de todos os elementos químicos da planta que causa uma sinergia entre eles.
Alguns terpenos são bem conhecidos por seu potencial e têm sido usados na medicina tradicional há séculos, enquanto outros ainda precisam ser estudados mais profundamente.
Essas propriedades medicinais são comprovadas por pesquisas e ensaios clínicos e apresentam os seguintes atributos: antiinflamatório, antioxidante, analgésico, anticonvulsivante, antidepressivo, ansiolítico, anticâncer, antitumorais, neuroprotetores, antimutagênicos, antialérgicos, antibióticos e antidiabéticos , dentre outros.
Neste texto apresentamos os tipos e características dos terpenos canábicos mais conhecidos, enquanto que, no presente, selecionamos alguns estudos para demonstrar estas propriedades. Vejamos:
Neste artigo publicado pela Health Europa, um estudo realizado pelas empresas Eybna e Cannasoul está examinando a eficácia de uma formulação única de terpenos, chamada NT-VRL, no tratamento de uma ampla gama de condições inflamatórias, incluindo a síndrome de tempestade de citocinas com risco de vida causada pelo COVID-19.
Os resultados do estudo mostram que a formulação de terpenos combinada com o Canabidiol (CBD) é duas vezes mais eficaz do que este sozinho e um tratamento comum com corticosteróides (dexametasona) para a inflamação.
Os pesquisadores afirmam que os resultados mostram que os terpenos desempenham um papel médico importante e não são apenas substâncias que conferem sabor e aroma.
O professor Dedi Meiri, presidente e CSO da CannaSoul, esclarece:
“A formulação de terpeno NT-VRL mostrou efeito antiinflamatório significativo que contribuiu para uma resposta imunológica funcional in vitro.”
Nadav Eyal, co-fundador e CEO da Eybna, acrescentou:
“Os resultados preliminares foram altamente positivos. Demonstrando atividade antiinflamatória significativa dos terpenos e quebrando a percepção de que os terpenos são apenas compostos de aromatizantes e fragrâncias com efeito placebo”.
2) Myrcene and terpene regulation of TRPV1
Neste estudo publicado pelo PubMed foi pesquisado como o terpeno Mirceno pode ser utilizado como alternativa terapêutica para a dor, em virtude de sua atividade no TRPV1.
Restou demonstrado que:
“Os canais potenciais do receptor transiente nociceptivo, como o TRPV1, são alvos para o tratamento da dor. Tanto o antagonismo quanto o agonismo dos canais do TRP podem promover analgesia, por meio da inativação e dessensibilização crônica.
(…)
Esses dados estabelecem o TRPV1 como um alvo do Mirceno e sugerem o potencial terapêutico das formulações analgésicas contendo Mirceno”.
3) Anti-stress effects of d-limonene and its metabolite perillyl alcohol
Neste estudo que também foi publicado pela PubMed, comprovou-se os efeitos antiinflamatório e antiestresse do terpeno Limoneno em testes realizados com animais. Vejamos:
“Esses efeitos foram mais pronunciados e sustentados após a ingestão de d-limoneno do que POH, sugerindo o papel da metabolização endógena do terpeno. Esses estudos mostram que o d-limoneno exerce, por meio de seu metabólito POH, uma ação antiestresse significativa mensurável por parâmetros comportamentais e fisiológicos sob a influência do sistema nervoso. Além de seus efeitos antiinflamatórios, um papel benéfico como substância antiestresse poderia ser reivindicado para o d-limoneno usado como suplemento dietético”.
4) Beta-caryophyllene enhances wound healing through multiple routes
Neste estudo que também foi publicado pela PubMed, ficou demonstrado que o terpeno beta-cariofileno melhora a cicatrização de feridas em testes realizados com camundongos.
Esta situação fez os pesquisadores concluírem que este terpeno possui atividade antiinflamatória. Vejamos:
“O beta-cariofileno é um sesquiterpeno bicíclico odorífero encontrado em várias ervas e especiarias. Recentemente, descobriu-se que o beta-cariofileno é um ligante do receptor canabinóide 2 (CB2). A ativação do CB2 diminuirá a dor, um sinal importante para as respostas inflamatórias. Nossa hipótese é que o beta-cariofileno pode afetar a cicatrização de feridas, diminuindo a inflamação. Aqui, mostramos que feridas cutâneas de camundongos tratados com beta-cariofileno aumentaram a reepitelização. O tecido tratado apresentou aumento da proliferação celular e as células tratadas com beta-cariofileno apresentaram maior migração celular, sugerindo que a maior reepitelização se deve ao aumento da proliferação e migração celular.
(…)
Nosso estudo sugere que os compostos químicos incluídos em óleos essenciais têm a capacidade de melhorar a cicatrização de feridas, um efeito gerado por impactos sinérgicos de múltiplas vias”.
Concluímos informando que diversos estudos estão sendo realizados para comprovar as propriedade terapêuticas dos diversos terpenos existentes.
Fica cada vez mais claro que estas substâncias não possuem apenas as conhecidas propriedades de conferir cor, sabor e aroma aos vegetais.
No caso da cannabis, estes componentes contribuem de forma relevante no efeito entourage e comprovadamente possuem efeitos terapêuticos.