Segundo a Organização Mundial de Saúde, a enxaqueca, a cefaleia do tipo tensional e a cefaleia por uso excessivo de medicamentos são tipos dos chamados “Transtornos de Dor de Cabeça”.
A enxaqueca possui as seguintes características:
- trata-se de um transtorno de dor de cabeça primário.
- geralmente começa na puberdade e afeta mais as pessoas com idades entre 35 e 45 anos.
- mais comum em mulheres devido a influências hormonais.
- é causada pela ativação de um mecanismo profundo no cérebro que leva à liberação de substâncias inflamatórias que produzem dor ao redor dos nervos e vasos sanguíneos da cabeça.
- é caracterizada por ataques recorrentes.
Por sua vez, a dor de cabeça causada se caracteriza por:
- intensidade moderada ou severa
- geralmente ocorre de forma unilateral
- pulsátil
- pode ser agravada pela atividade física de rotina
- duração de 2 até 72 horas
Trata-se de um problema de saúde pública de ordem mundial, pois a dor de cabeça pode se tornar incapacitante.
Nesta análise publicada pelo Health Data com o título “Carga global, regional e nacional de enxaqueca e cefaleia do tipo tensional, 1990-2016: uma análise sistemática para o Estudo de Carga Global de Doenças de 2016”, destacamos os seguintes dados:
“Estima-se que quase 3 bilhões de indivíduos tenham enxaqueca ou cefaleia do tipo tensional em 2016: 1,89 bilhões (intervalo de incerteza de 95% [IU] 1,71–2,10) com cefaleia do tipo tensional e 1,04 bilhões (95% IU 1,00–1,09) com enxaqueca.
(…)
Embora as estimativas atuais sejam baseadas em dados limitados, nosso estudo mostra que os transtornos de cefaléia, e a enxaqueca em particular, são importantes causas de deficiência em todo o mundo e merecem maior atenção nos debates sobre políticas de saúde e na alocação de recursos para pesquisas”
A enxaqueca pode ser desencadeada pela falta de sono, mudanças no clima, fome, excesso de estimulação dos sentidos, estresse, dentre outros fatores.
Os médicos baseiam o seu diagnóstico de acordo com sintomas típicos.
Não existe cura para a enxaqueca e os medicamentos são usados para aliviar a dor e reduzir a quantidade e a gravidade das crises.
Segundo artigo publicado pelo Manual MDS, as suas causas são:
“Enxaquecas ocorrem em pessoas cujo sistema nervoso é mais sensível do que os de outras pessoas. Para essas pessoas, as células nervosas no cérebro são facilmente estimuladas, produzindo atividade elétrica. Conforme a atividade elétrica se espalha pelo cérebro, várias funções, como visão, sensação, equilíbrio, coordenação muscular e fala, são temporariamente perturbadas. Esses distúrbios causam os sintomas que ocorrem antes da cefaleia (chamados de aura). A cefaleia ocorre quando o 5º nervo craniano (trigêmeo) é estimulado. Este nervo envia impulsos (incluindo impulsos de dor) dos olhos, couro cabeludo, testa, pálpebras superiores, boca e mandíbula para o cérebro. Quando estimulados, os nervos podem liberar substâncias que causam inflamação dolorosa dos vasos sanguíneos do cérebro (os vasos sanguíneos cerebrais) e as camadas de tecidos que cobrem o cérebro (meninges). A inflamação provoca cefaleia latejante, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som”.
TRATAMENTO COM CANNABIS
A ciência já constatou que o mau funcionamento do Sistema Endocanabinóide tem relação com algumas patologias, dentre elas a enxaqueca.
Sabemos que o Sistema Endocanabinóide tem papel importante na homeostase do organismo, isto é, na resposta ao estresse e controle do humor, no comportamento alimentar, no balanço energético e do metabolismo, nos processos imunológicos, além de desempenhar papel relevante no controle do processamento da dor, dentre outros fatores.
Pesquisas utilizando a cannabis medicinal para tratamento ou profilaxia estão sendo feitas e os resultados se mostram promissores.
O renomado pesquisador Ethan Russo publicou o artigo “Deficiência de endocanabinóide clínica reconsiderada: a pesquisa atual apoia a teoria em enxaqueca, fibromialgia, intestino irritável e outras síndromes resistentes ao tratamento” que demonstra essa situação. Vejamos.
“Sua hipótese básica é que todos os humanos têm um tom endocanabinóide subjacente que é um reflexo dos níveis dos endocanabinóides, anandamida (araquidoniletanolamida) e 2-araquidonoilglicerol, sua produção, metabolismo e abundância relativa e estado dos receptores canabinóides. Sua teoria é que em certas condições, sejam congênitas ou adquiridas, o tônus endocanabinóide torna-se deficiente e produtivo de síndromes fisiopatológicas. Quando proposta pela primeira vez em 2001 e posteriormente, essa teoria se baseava na sobreposição genética e comorbidade, padrões de sintomatologia que poderiam ser mediados pelo sistema endocanabinóide (ECS) e no fato de que o tratamento com canabinóide exógeno frequentemente proporcionava benefício sintomático. No entanto, faltavam provas objetivas e dados de ensaios clínicos formais. Atualmente, no entanto, diferenças estatisticamente significativas nos níveis de anandamida do líquido cefalorraquidiano foram documentadas em pacientes com enxaqueca, e estudos de imagem avançados demonstraram hipofunção de ECS no transtorno de estresse pós-traumático. Estudos adicionais forneceram uma base mais firme para a teoria, enquanto os dados clínicos também produziram evidências para diminuição da dor, melhora do sono e outros benefícios para o tratamento com canabinóides e abordagens de estilo de vida adjuvantes que afetam o ECS”.
Por sua vez, neste estudo denominado “Diminuição da frequência da enxaqueca após tratamento prolongado com cannabis medicinal: um estudo transversal”, constatamos que o tratamento com os fitocanabinóides diminui a frequência de enxaqueca. Vejamos.
“Conclusões: Esses achados indicam que o MC resulta na redução em longo prazo da frequência da enxaqueca em> 60% dos pacientes tratados e está associado a menos incapacidade e menor ingestão de medicamentos antienxaqueca. Eles também apontam para a composição do MC, que pode ser potencialmente eficaz em pacientes com enxaqueca”.
MC – Cannabis Medicinal
Neste outro estudo realizado em duas clínicas do estado de Colorado e denominado “Efeitos da maconha medicinal na frequência da enxaqueca em uma população adulta”, cento e vinte e um adultos receberam tratamento para enxaqueca ou profilaxia com cannabis medicinal, entre janeiro de 2010 e setembro de 2014. Vejamos.
“Conclusão: A frequência da enxaqueca diminuiu com o uso de maconha medicinal. Estudos prospectivos devem ser conduzidos para explorar uma relação de causa e efeito e o uso de diferentes cepas, formulações e doses de maconha para melhor compreender os efeitos da maconha medicinal no tratamento e profilaxia da enxaqueca”.
Assim sendo, não restam dúvidas que pesquisas estão apontando para a segurança e eficácia no uso da cannabis medicinal para o tratamento da enxaqueca e, conforme demonstrado neste texto, os resultados são animadores.
A equipe Vikura pode te ajudar a encontrar um médico especializado neste tipo de patologia para tratamento com cannabis medicinal. Entre em contato com a gente.