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Cannabis no esporte: Benefícios e informações

Você sabia que a cannabis medicinal atualmente também pode ser utilizada por atletas profissionais?

Os jogos olímpicos de Tóquio é a primeira olimpíada realizada desde que a Agência Mundial Antidoping (WADA) retirou, em 2018, o Canabidiol (CBD) da sua lista de substâncias proibidas.

Esta decisão fez aquecer o debate sobre como a cannabis pode ser utilizada para ajudar tanto os atletas de alta performance, quanto pessoas que não atuam de forma profissional, nos mais variados esportes.

Antes de tudo, importante ressaltar: o CBD não é utilizado para melhorar a performance do atleta, e portanto, não afeta seu desempenho da atividade esportiva – o foco é outro.

Estudos científicos e experiências práticas apontam que o canabidiol possui efeito analgésico, anti-inflamatório e ansiolítico, o que beneficia consideravelmente a recuperação física e muscular dos atletas.

Canabidiol para recuperação muscular

Em matéria ao site da Exame, a médica do esporte e prescritora de Canabidiol, Jéssica Durand, afirma que o foco da utilização do fitocanabinóide é a recuperação muscular em virtude das suas propriedades anti-inflamatória e analgésica:

“Qualquer pessoa quando pratica uma atividade física de alta intensidade lesiona o músculo. Depois da lesão, uma resposta básica é a inflamação. Essa inflamação é importante para que se tenha a regeneração e que se cria memória muscular. A inflamação no esporte tem o sentido de reparar o músculo. O canabidiol vai atuar em receptores que temos no corpo modulando a resposta inflamatória. Ele é um anti-inflamatório natural. Ao contrário de anti-inflamatórios como o Ibuprofeno, por exemplo, que a gente toma quando se machuca, o canabidiol retira a ‘parte ruim’ da inflamação, mas deixa a ‘parte boa’, porque a inflamação tem uma parte boa. Com o canabidiol, a gente tira por exemplo a dor e o edema, mas permite que ele cicatrize. Os anti-inflamatórios tradicionais mascaram porque a inflamação é bloqueada totalmente.”

Por sua vez, a médica Maria Teresa Jacob que atua com o tratamento de dor crônica há duas décadas e especialista em medicina canabinoide, em matéria publicada no site Canaltech, explica:

“O uso do CBD antes do treino diminui o stress em aproximadamente 80% e aumenta a concentração na atividade física. Após a atividade, o uso do CBD ajuda a diminuir a dor e acelerar a recuperação muscular graças às suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, regeneradoras e relaxantes musculares, eliminando também as câimbras. Outro ponto importante é que o CBD melhora o sono e, atualmente, está bem estabelecida a importância do sono na regeneração muscular e diminuição do stress”

O que diz a ciência?

Em um artigo científico publicado na revista Springer Open, os autores fizeram um levantamento dos possíveis efeitos benéficos do uso de CBD na prática esportiva:

“O canabidiol (CBD) é um canabinóide não intoxicante derivado da Cannabis sativa . O CBD atraiu inicialmente interesse científico devido às suas propriedades anticonvulsivantes, mas a evidência crescente de outros efeitos terapêuticos atraiu a atenção de outras populações clínicas e não clínicas, incluindo atletas. […] O objetivo desta revisão narrativa foi explorar vários efeitos fisiológicos e psicológicos do CBD que podem ser relevantes para o contexto do esporte e / ou exercício e identificar áreas-chave para pesquisas futuras”

Lesão muscular induzida por exercício – função muscular, dor e lesão

“O CBD modula os processos inflamatórios. Em modelos pré-clínicos de inflamação aguda, foi relatado que o CBD atenua o acúmulo de células imunes (por exemplo, neutrófilos, linfócitos, macrófagos), estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias e inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias”

Ansiedade de desempenho esportivo (SPA)

Altos níveis de estresse pré-competição, ou ansiedade de desempenho esportivo (SPA), podem ser prejudiciais ao desempenho atlético. Esta deficiência foi atribuída aos efeitos diretos (ou seja, ansiogênico) e indiretos (por exemplo, diminuição da ingestão nutricional, aumento do gasto de energia, perda de sono) da SPA.

[…]

Em conjunto, parece que doses moderadas de CBD podem ser ansiolíticas em situações estressantes e em indivíduos com TAS. Assim, estudos que investigam o efeito do CBD (em conjunto com terapias comportamentais) na ansiedade pré-competição, bem como ingestão nutricional, gasto de energia, percepção de sintomas durante o exercício (por exemplo, avaliações de esforço percebido) e sono em atletas que sofrem impacto negativo pela SPA são garantidos.

Sono

A importância do sono adequado para facilitar o desempenho atlético ideal e a recuperação é cada vez mais reconhecida. No entanto, os atletas geralmente dormem menos (por exemplo, ~ 6,5-6,7 h · noite -1 ) e têm sono de pior qualidade do que os não atletas. Fatores que contribuem para o sono insatisfatório entre os atletas incluem competições noturnas e sessões de treinamento, ansiedade pré-competição, uso de cafeína e viagens de longa distância (por exemplo, jet lag, fadiga de viagens).

Vários estudos investigaram o efeito do CBD no sono em humanos. O primeiro ensaio cruzado duplo-cego (dose única) controlado por placebo descobriu que 160 mg de CBD (mas não 40 ou 80 mg) aumentou a duração do sono auto-relatada em indivíduos com insônia ( n = 15) (…)”

Referido artigo conclui que o Canabidiol exerce uma série de efeitos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos com potencial para auxiliar atletas. 

Isto porque, como já dito, existem evidências preliminares que apontam para ações anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas do CBD. 

No entanto, o estudo reconhece que esses achados são preliminares e sugere que investigações mais rigorosas e controladas se fazem necessárias para comprovar esses efeitos e ações.

O que dizem os atletas

O tenista brasileiro Bruno Soares, número seis do mundo no ranking de duplas da ATP, possui 34 títulos no circuito profissional, e em entrevista ao UOL disse fazer uso faz uso do Canabidiol há 3 anos:

“O atleta corre riscos constantemente com a dor e o cansaço. A recuperação é algo super importante. Para tudo isso, eu nunca gostei de tomar coisa de laboratório, coisa preparada, a droga em si. Sempre gostei das coisas naturais”.

“Uso o óleo e os cremes para massagem, que têm uma capacidade anti-inflamatória muito boa de recuperação e relaxamento. As gotas me ajudam a trabalhar a tranquilidade, lidar com a ansiedade, desconectar um pouco. O creme, geralmente, coloco onde tenho dor e deixo durante a noite”.

“Há três anos comecei a ver atletas falando sobre os benefícios do CBD. O primeiro que vi foi Bob Burnquist, skatista do mais alto nível, de quem sou fã. Passei a me aprofundar, pesquisar e acompanhar estudos, conversei com médicos e resolvi provar.”

“Dentro do esporte, o meu corpo é a minha máquina. Eu não estaria colocando nada para dentro se não acreditasse que é pela minha saúde, para meu benefício.”

Bob Burnquist, citado por Bruno é um dos maiores nomes do skatistas do mundo e maior medalhista da história dos X games também diz fazer uso do Canabidiol:

“Nos EUA, tenho visto cada vez mais atletas utilizando opioides para tratar suas dores, o que é muito preocupante, devido aos inúmeros prejuízos para a saúde, afastamento do esporte por causa do vício, sem falar das mortes… todo dia mais de 100 óbitos de overdose são registrados no país em consequência do abuso de opióides. Por outro lado, segundo estudo da Universidade da Pensilvânia, 13 Estados que liberaram o uso medicinal da maconha tiveram redução de 24,8% nessa taxa de mortalidade. Por essas e outras razões, defendo a regulamentação do uso da cannabis medicinal. Só eu sei as dores que passei e o quanto o óleo do canabidiol por exemplo me ajudou nessas horas, mesmo antes de as pesquisas científicas comprovarem a sua eficácia para o tratamento da dor, entre outras enfermidades”

Conclusão

A cannabis medicinal possui diversas utilizações e suas propriedades podem melhorar notadamente a vida de atletas de alto desempenho, quanto de pessoas que fazem esportes por hobby.

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